Resenha
O referido artigo cita que sobreviventes de câncer de mama apresentam risco para o desenvolvimento de comorbidades e que estas contribuem para o declínio da qualidade de vida, da aptidão cardiorrespiratória, da força muscular e da qualidade óssea. Em contrapartida o exercício é uma estratégia não farmacológica, que pode ser capaz de diminuir os efeitos colaterais das complicações do tratamento oncológico. Neste sentido, o objetivo geral deste estudo foi comparar uma intervenção de exercícios aeróbicos e resistidos de intensidade moderada/vigorosa supervisionada por 16 semanas, em sobreviventes de câncer de mama fisicamente inativos, com sobrepeso e obesos.
Os autores realizaram um ensaio clínico randomizado para comparar a intervenção de exercício progressivo (aeróbio e de resistência) com os cuidados usuais. Foram recrutadas 100 sobreviventes do câncer de mama, após a finalização do tratamento adjuvante e por um período de até 6 meses. O grupo foi avaliado no início do estudo, pós-intervenção e para o grupo de exercícios o acompanhamento perdurou por 3 meses. Foram avaliados a aptidão física, através de um teste submáximo em esteira para estimar o consumo máximo de oxigênio; a força muscular, através da força voluntária máxima estimada (1-RM), avaliada pela pressão torácica, pulldown do grande dorsal, extensão do joelho e flexão do joelho; a densidade mineral óssea, através de mapeamento pelo Dual hip and lumbar (DXA) em quadril e lombar; as concentrações séricas de biomarcadores ósseos; e a qualidade de vida através do Funcional da Terapia do Câncer-Mama (FACT-B) e do Short Form-36 Health Survey (SF-36). A intervenção por exercício foi alinhada com as diretrizes de exercícios ACS / ACSM para sobreviventes do câncer (150 min de aeróbico exercício e 2-3 dias de treino de resistência / semana), sendo composta por exercícios aeróbicos e de resistência de moderados-vigorosos (65-85% da frequência cardíaca máxima), três vezes por semana e durante 16 semanas. As diferenças nas mudanças médias para os resultados foram avaliadas usando a análise de medidas repetidas de modelo misto.
Quanto aos resultados, no pós-intervenção, o grupo de exercícios foi superior ao tratamento usual para qualidade de vida (diferença entre os grupos: 14,7, IC 95%: 18,2, 9,7; p <0,001); fadiga (p <0,001); depressão (p <0,001); VO2max estimado (p <0,001); na diminuição da frequência cardíaca em repouso (p<0,001); força muscular (p <0,001); osteocalcina (p = 0,01) e BSAP (p = 0,001). No acompanhamento de 3 meses, todos os resultados relatados pelo paciente e variáveis de aptidão física permaneceram significativamente melhores em comparação com a linha de base no grupo de exercício (p <0,01)
Quanto a qualidade de vida pós-intervenção, as pontuações FACT-B melhoraram significativamente no exercício em comparação com os cuidados habituais (diferença entre os grupos: 14,7, IC 95%: 18,2, 9,7;(p <0,001). O FACT-geral, o índice de resultados do estudo e todas as subescalas melhoraram significativamente no grupo de exercícios quando comparados à linha de base (p≤0,01) e ao grupo de cuidados habituais (p <0,001). Todos os subescores SF-36 melhoraram significativamente no grupo de exercício quando comparado ao início e ao grupo de cuidados habituais (p≤0,001). Fadiga e depressão reduziram significativamente no grupo de exercício em comparação com o valor basal (p≤0,01) e o grupo de cuidados habituais (p <0,001). No acompanhamento, todas as medidas de desfecho relatadas pelo paciente permaneceram significativamente melhores no grupo de exercícios em comparação com a linha de base (p <0,001).
A adoção de um programa supervisionado de exercícios aeróbicos e resistidos de 16 semanas, que seguem às diretrizes de exercício ACS/ACSM, projetado para tratar a síndrome metabólica em sobreviventes de câncer de mama com sobrepeso ou obesidade étnica diversa, também demonstrou melhorias significativas nos desfechos relatados pelo paciente, na aptidão física e na qualidade de vida. Determinando segundo os autores, a necessidade de incluirmos um programa de exercícios clínicos supervisionados no tratamento e cuidado do câncer de mama.
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